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Não acho motivos para não encher as paredes de meu quarto com minha personalidade!
Ela
já havia insistido com essa ideia há pouco tempo, resolveu que estava crescendo
e queria deixar uma marca da sua infância nas paredes, como um autorretrato da
sua personalidade em suas paredes.
A
menina estava descontrolada. Estava naquela idade de dez anos que nem os pais
sabem o que fazer, rebelde, já se se achando adulta. Deixo ou não deixo? Pensava
ele, olhando para a menina de olhos brilhantes com ambas as mãos encharcadas de
tinta, era uma resposta fácil, um assunto simples.
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Não poderemos vender esta casa com as paredes pintadas.
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Vamos vender casa? - indagou a menina de cabelo castanho. Com a tinta de suas mãos
pingando ao chão.
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Já está na hora de você entender que não estamos em uma boa condição financeira.
- admitiu o pai.
Era
verdade, o pai havia se divorciado da mãe fazia pouco tempo, estava
desempregado e deprimido, teria de vender a casa rapidamente.
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E no que isso me impede de pintar as paredes?
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Depois vamos ter de pintá-las de novo.
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Deixe de ser mimada menina, você já está crescida, consegue compreender, pegue um
papel e pinte nele se quiser. Não tem
nada melhor para fazer não?
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Sim, pintar as paredes, assim elas ficarão com a minha marca e não venderemos a
casa.
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Desça logo desta cama e pegue um pano para limpar a sujeira que você já fez.
A
menina apenas fechou os olhos e rapidamente pegou a lata de tinta vermelha e
jogou na camisa do cansado pai. Encharcando-a.
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Ora, sua, vai levar uns tapas, a camisa era nova.
A
menina fugiu correndo de seu pai. Procurando outra parede para encharcar de sua
personalidade. Sem perder o brilho de seus olhos.